Esta
segunda proposta consistia, tal como referido, na elaboração de uma infografia
recorrendo apenas a elementos tipográficos.
O
objetivo desta proposta é a compreensão da letra como objeto visual através da
exploração estética e simbólica da mesma; a materialização visual de conceitos,
conseguida com a compreensão do conceito de infografia tipográfica.
Como
ponto de partida, optamos por escolher como objeto de trabalho, algo que, de
alguma forma nos tivesse marcado. E como “Hansel e Gretel” é um daqueles contos que ficam sempre na
memória e nos trazem boas recordações da infância, escolhemo-lo para o retratar
de uma forma leve e simples.
Este conto infantil da década de 50, conta a
história de dois irmãos que por serem muito pobres e os pais não conseguirem
cuidar deles, foram abandonados na floresta. Com muita fome e depois de caminharem
muito tempo, os dois irmãos encontraram uma casa toda feita de doces e guloseimas.
Nessa casa havia uma bruxa má que prendeu Hansel numa gaiola para que ele
ficasse gordo e depois o pudesse comer. Mas os dois irmãos acabaram por
conseguir enganar a bruxa e fugiram para junto dos pais, levando consigo um
cofre de ouro e muitas jóias da bruxa má, ficando assim ricos.
A
nossa decisão foi, através de elementos tipográficos, ilustrar a tão atraente e
perigosa casa de doces. O material utilizado para a construção da infografia
foi apenas uma fotografia (que juntamos em anexo) à imagem da casa que ilustra
o livro “Hansel e Gretel”, Edições Asa. Para a concretização do projeto, usamos
o programa Adobe Ilustrator, uma ferramenta totalmente nova para nós, daí o
facto de criarmos um projeto muito simples.
Depois
de planear todo o projeto, optamos por usar não só a forma, mas também a própria história de Hansel e Gretel, para
tornar percetível que se tratava de uma casa. Com isto, tentamos criar uma
aproximação e uma ligação entre a forma e o conto, de maneira a que o
leitor/observador identificasse rapidamente de qual história se tratava.
Foram,
portanto, usadas letras simples que
foram variando de tamanho e de posição para dar a sensação de contraste e movimento, pois, segundo Ellen
Lupton
“as pessoas julgam intuitivamente o tamanho dos objetos relacionando-os com os
seus próprios corpos e ambientes”.
Para
o texto que conta a história e forma a silhueta da casa, usamos a fonte “Minion
Pro”, por ser simples, limpa e de confortável
leitura e para além disso proporciona um leque de pesos e larguras, desde o bold ao itálico que nos forneceu uma
genorosa paleta criativa. Usamos ainda a “Baskerville”, por se caracterizar
pela sua frescura e elegância, a “Century Gothic”, por ser uma letra sem serifa
e arrendondada que revela informalidade, a “Rockwell” e a “Rockwell Extra Bold”
ambas fontes serifadas que causam
impacto e cativam a atenção, a “Cooper Black” de serifa arredondada que se
caracteriza pela seu estilo urbano, a “Bauhaus” também arrendonda e urbana, a “Bell
MT”, a “Showcard Gothic” que se caracteriza pelo seu estilo vintage e pela sua
teatralidade, a “Courier New” usada por se assemelhar a letra de máquina
de escrever, a “Garamond” que se caracteriza pelo seu estilo antigo mas seleto,
a “Harrington” pelo seu estilo decorativo e côncavo, e a “Old English Text MT”,
de estilo gótico e medievo.
Usamos
também sinais de pontuação, como é o
caso dos pontos de interrogação que representam não só os “chupa-chupas”
(guloseimas) como na casa original, mas também um enigma, que é o caminho de volta
a casa para os dois irmãos e também sinais gráficos como os “til” que usamos
para construir a base da casa, o jardim.
Quanto
à anatomia, podemos falar da
finalização dos traços, que variam,
evidenciando a personalidade do tipo de acordo com as caraterísticas que
apresentam. Existem três tipos de traços, que estão presentes na nossa
infografia: serifa; terminal; remate.
Segundo Joana Lessa, da Escola Superior de Educação e Comunicação da Univerdade
do Algarve, no seu artigo “Tipografia-Anatomia de tipo”, a “serifa é um elemento formal
(...) que promove maior continuidade na leitura das letras, (...) permitindo
uma leitura menos fatigante para o olhar”. O terminal, tal como a serifa, é “também um elemento formal
que fecha alguns traços de alguns carateres”, indicando-se também como “uma
“marca de nascença” do desenho tipográfico a que pertence”. A sua distinção
face à serifa é uma questão de acordo: embora o terminal partilhe com a serifa
algumas localizações e formas aproximadas, segundo alguns autores, letras como
“a” e “g”, possuem terminais e não serifas, no entanto, a situação pode ser
ambígua. Por último, o remate,
que é “considerada uma terceira forma de encerrar o traço, variando apenas na
sua curvatura, (...) e pode ser mais apertada (remate em gancho) ou menos
apertada”.
No
nosso trabalho, também se encontram técnicas e elementos de comunicação visual
tais como a regularidade, a estabilidade, a sequencialidade, a profundidade,
a perspetiva, e ainda a direção, quer vertical, diagonal ou horizontal, e ainda o alinhamento que procuramos que fosse o
centro.
Em
suma, pensamos que o trabalho se adequa às expetativas e engloba material
teórico que nos foi apresentado nas aulas. Como este foi um espaço totalmente
novo para nós, temos consciência das suas imperfeições e daquilo que devia ser
melhorado, mas acreditamos que conseguimos transmitir uma ligação entre a
composição e o conto de alguma forma e criar até um bom projeto para quem é
principiante.
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