sexta-feira, 24 de abril de 2015

Proposta II: Memória Descritiva

Esta segunda proposta consistia, tal como referido, na elaboração de uma infografia recorrendo apenas a elementos tipográficos.

O objetivo desta proposta é a compreensão da letra como objeto visual através da exploração estética e simbólica da mesma; a materialização visual de conceitos, conseguida com a compreensão do conceito de infografia tipográfica.

Como ponto de partida, optamos por escolher como objeto de trabalho, algo que, de alguma forma nos tivesse marcado. E como “Hansel e Gretel”  é um daqueles contos que ficam sempre na memória e nos trazem boas recordações da infância, escolhemo-lo para o retratar de uma forma leve e simples.

 Este conto infantil da década de 50, conta a história de dois irmãos que por serem muito pobres e os pais não conseguirem cuidar deles, foram abandonados na floresta. Com muita fome e depois de caminharem muito tempo, os dois irmãos encontraram uma casa toda feita de doces e guloseimas. Nessa casa havia uma bruxa má que prendeu Hansel numa gaiola para que ele ficasse gordo e depois o pudesse comer. Mas os dois irmãos acabaram por conseguir enganar a bruxa e fugiram para junto dos pais, levando consigo um cofre de ouro e muitas jóias da bruxa má, ficando assim ricos.

A nossa decisão foi, através de elementos tipográficos, ilustrar a tão atraente e perigosa casa de doces. O material utilizado para a construção da infografia foi apenas uma fotografia (que juntamos em anexo) à imagem da casa que ilustra o livro “Hansel e Gretel”, Edições Asa. Para a concretização do projeto, usamos o programa Adobe Ilustrator, uma ferramenta totalmente nova para nós, daí o facto de criarmos um projeto muito simples.

Depois de planear todo o projeto, optamos por usar não só a forma, mas também a própria história de Hansel e Gretel, para tornar percetível que se tratava de uma casa. Com isto, tentamos criar uma aproximação e uma ligação entre a forma e o conto, de maneira a que o leitor/observador identificasse rapidamente de qual história se tratava.

Foram, portanto, usadas letras simples que foram variando de tamanho e de posição para dar a sensação de contraste e movimento, pois, segundo Ellen Lupton  “as pessoas julgam intuitivamente o tamanho dos objetos relacionando-os com os seus próprios corpos e ambientes”.

Para o texto que conta a história e forma a silhueta da casa, usamos a fonte “Minion Pro”, por ser simples, limpa e de confortável  leitura e para além disso proporciona um leque de pesos e larguras, desde o bold ao itálico que nos forneceu uma genorosa paleta criativa. Usamos ainda a “Baskerville”, por se caracterizar pela sua frescura e elegância, a “Century Gothic”, por ser uma letra sem serifa e arrendondada que revela informalidade, a “Rockwell” e a “Rockwell Extra Bold” ambas fontes serifadas que causam impacto e cativam a atenção, a “Cooper Black” de serifa arredondada que se caracteriza pela seu estilo urbano, a “Bauhaus” também arrendonda e urbana, a “Bell MT”, a “Showcard Gothic” que se caracteriza pelo seu estilo vintage e pela sua teatralidade, a “Courier New” usada por se assemelhar a letra de máquina de escrever, a “Garamond” que se caracteriza pelo seu estilo antigo mas seleto, a “Harrington” pelo seu estilo decorativo e côncavo, e a “Old English Text MT”, de estilo gótico e medievo.

Usamos também sinais de pontuação, como é o caso dos pontos de interrogação que representam não só os “chupa-chupas” (guloseimas) como na casa original, mas também um enigma, que é o caminho de volta a casa para os dois irmãos e também sinais gráficos como os “til” que usamos para construir a base da casa, o jardim.

Quanto à anatomia, podemos falar da finalização dos traços, que variam, evidenciando a personalidade do tipo de acordo com as caraterísticas que apresentam. Existem três tipos de traços, que estão presentes na nossa infografia: serifa; terminal; remate. Segundo Joana Lessa, da Escola Superior de Educação e Comunicação da Univerdade do Algarve, no seu artigo “Tipografia-Anatomia de tipo”, a “serifa é um elemento formal (...) que promove maior continuidade na leitura das letras, (...) permitindo uma leitura menos fatigante para o olhar”. O terminal, tal como a serifa, é “também um elemento formal que fecha alguns traços de alguns carateres”, indicando-se também como “uma “marca de nascença” do desenho tipográfico a que pertence”. A sua distinção face à serifa é uma questão de acordo: embora o terminal partilhe com a serifa algumas localizações e formas aproximadas, segundo alguns autores, letras como “a” e “g”, possuem terminais e não serifas, no entanto, a situação pode ser ambígua. Por último, o remate, que é “considerada uma terceira forma de encerrar o traço, variando apenas na sua curvatura, (...) e pode ser mais apertada (remate em gancho) ou menos apertada”.

No nosso trabalho, também se encontram técnicas e elementos de comunicação visual tais como a regularidade, a estabilidade, a sequencialidade, a profundidade, a perspetiva, e ainda a direção, quer vertical, diagonal ou horizontal, e ainda o alinhamento que procuramos que fosse o centro.

Em suma, pensamos que o trabalho se adequa às expetativas e engloba material teórico que nos foi apresentado nas aulas. Como este foi um espaço totalmente novo para nós, temos consciência das suas imperfeições e daquilo que devia ser melhorado, mas acreditamos que conseguimos transmitir uma ligação entre a composição e o conto de alguma forma e criar até um bom projeto para quem é principiante.

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